O PROJETO
A 3D-Recycler visa produzir uma impressora 3D que elimine o uso de filamentos, aproveitando plásticos recicláveis ao invés de novos. O sistema inclui um triturador e derretedor que injeta o plástico diretamente nos bocais de impressão. As impressoras podem ter de 1 a 4 bocais, permitindo a impressão com diferentes tipos de plástico ou a produção simultânea de várias cópias de um objeto.
Equipadas com sistema próprio de leitura de arquivos, as impressoras funcionam sem conexão a computadores. Microcâmeras fazem o acompanhamento remoto e permitem escanear objetos para criação de modelos digitais. Um emissor de laser opcional realiza gravações, relevos e cortes em diferentes objetos, não apenas os impressos.
Oferecemos módulos de atualização para impressoras 3D existentes, permitindo que elas utilizem resíduos plásticos domésticos em vez de filamentos caros. Os objetos impressos também podem ser reciclados e transformados novamente em matéria-prima.
Com modelos para uso doméstico e semi-industrial, buscamos reduzir drasticamente os resíduos plásticos diários. O projeto tem o potencial de empoderar "waste pickers", transformando-os em produtores de bens reciclados, criando um impacto social significativo.
A impressão 3D oferece grande potencial em nível doméstico, empresarial e educacional, permitindo a criação de brinquedos, utensílios, peças de reposição, móveis, entre outros. Escolas, hospitais e empresas podem aproveitar essa tecnologia tanto para ensino quanto para a produção de itens essenciais a partir de resíduos plásticos gerados localmente.
Trabalhamos com tecnologia aberta: todos os arquivos para montagem das impressoras serão compartilhados gratuitamente. Oferecemos modelos prontos com garantia e assistência técnica, além de suporte para montagem e treinamento dos modelos industriais e semi-industriais. Utilizamos o sistema cartesiano para garantir baixo custo e facilidade de manutenção, permitindo futuras modificações.
Além dos bancos de dados já existentes, a 3D-Recycler pretende criar seu próprio banco de modelos abertos, desenvolvidos por e para os usuários. Nosso objetivo é construir uma ampla rede de compartilhamento de arquivos e produção colaborativa, facilitando o acesso a objetos úteis testados para impressão.
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A ALTERNATIVA
A 3D-Recycler propõe uma impressora que elimine o uso de filamentos e promova a reciclagem de plásticos já existentes, reduzindo a necessidade de produzir novos. Com tecnologia avançada e determinação, nosso objetivo é aumentar a reciclagem tanto em residências quanto em escala industrial.
Nossa impressora pode transformar resíduos plásticos diretamente em objetos úteis. Modelos domésticos criarão itens como vasilhas, brinquedos, utensílios e peças de reposição, limitados apenas pela imaginação do usuário. Já os modelos industriais produzirão móveis, Fachadas, prateleiras e outros objetos em larga escala, conforme as necessidades dos compradores.
Na internet, há vastos bancos de dados com milhões de modelos para impressão 3D. Mas planejamos criar uma nova plataforma aberta, onde usuários poderão compartilhar e acessar novos modelos, fomentando uma rede colaborativa de produção.
Nosso projeto inclui um módulo para transformar resíduos plásticos em matéria-prima para impressão em outras impressoras, que ainda usam os caros filamentos plásticos. Com esse módulo, qualquer impressora 3D poderá usar plásticos domésticos reciclados, e os próprios objetos impressos poderão ser reutilizados como nova matéria-prima, fechando o ciclo de produção.
O PLÁSTICO
O plástico mudou a face do planeta. Substituiu a madeira, o metal e o vidro em muitos processos e produtos e criou uma nova era de bens de consumo. Não é possível imaginar o mundo, hoje, sem o plástico.
Ao mesmo tempo, o plástico criou provavelmente o maior problema já produzido pelos seres humanos e tornou-se o maior elemento de poluição da Terra. Estamos longe de poder reverter seus terríveis lados negativos.
O plástico nos oceanos tem mudado, de forma permanente, o habitat de várias espécies.
Os micro-plásticos estão em todos os lugares, de plantas e rios a pulmões e placentas humanas.
OS NÚMEROS
Em 2023, a produção global de plásticos atingiu 430 milhões de toneladas, sendo 58,7 milhões na Europa. Apenas 9% foram reciclados.
Ate 2023, a produção acumulada ultrapassou 9,5 bilhões de toneladas - mais de uma tonelada por pessoa no planeta. A produção de plásticos cresce cerca de 4% ao ano.
Cada ser humano ingere cerca de 5 gramas de microplásticos por semana, 250 gramas anuais.
A reciclagem é ineficiente e mais cara: na Europa, a tonelada de plásticos reciclados custa 70 euros a mais que a tonelada de plástico virgem. A reciclagem ocorre principalmente por exigência legal e não por incentivo econômico.
OS FATOS
Não há expectativa de solução para o problema dos plásticos nas próximas décadas. Mesmo que a produção fosse interrompida hoje, o plástico existente levaria de 400 a 1000 anos para se decompor. No entanto, sem um substituto com propriedades mecânicas semelhantes e preço acessível, a produção continuará.
Nos países menos desenvolvidos, a situação é ainda pior, pois muitos não possuem coleta seletiva. O plástico se acumula sem perspectiva de solução.
A reciclagem é a melhor alternativa disponível. Em 2023, apenas 9% do plástico global foi reciclado. A previsão para 2050 é que 44% da produção anual seja reciclada. Apesar desse aumento, a reciclagem não resolverá o problema, já que a produção cresce anualmente e o plástico não reciclado se acumula.
Embora as impressoras 3D sejam uma inovação promissora, o uso de filamentos plásticos nos modelos atuais gerou uma nova demanda por essa matéria-prima.
O ELEMENTO HUMANO
Segundo a Global Alliance of Waste Pickers, há 3.933.426 pessoas registradas em cooperativas de coletores de resíduos no mundo. Estima-se que esse número seja de 8 a 10 vezes maior, considerando aqueles em empregos informais, fora de organizações oficiais. Mais de 40 milhões de pessoas vivem na pobreza, coletando plásticos para revenda a empresas de reciclagem por preços, muitas vezes, insignificantes.
Indústrias de reciclagem em países como Índia e Brasil vendem a tonelada de plástico PET por cerca de 450 euros, enquanto os coletores, que vendem a empresas de coleta e transporte, recebem menos de 150 euros por tonelada. Em alguns países, esse valor cai para menos de 20 euros por tonelada.
Para entender o esforço envolvido, uma garrafa de plástico PET pesa em média 50 gramas, sendo necessárias 20.000 garrafas para totalizar 1 tonelada. Para quem deseja contribuir para a reciclagem e a saúde do planeta, a única alternativa é depositar plásticos em coletores específicos ou, ocasionalmente, fazer artesanato. No entanto, ainda não há uma solução real para a reciclagem doméstica.
